MADRE AGATHE

Agnès Marguerite Verhelle reflete em seu testemunho de vida um espírito austero, confiante e generoso no Projeto de Deus em sua vida, em meio às luzes e sombras que surgiram no decorrer de sua caminhada.

Crescia também Agnès, o desejo ardente de consagrar-se a Deus. Dos 23 aos 29 anos, como expressão de sua luta, ela confessava: “Todas as pessoas que me cercavam procuravam estimular cada vez mais minha sensibilidade, esperando ver-me estimular de resolução. O temor de jamais poder consagrar-me ao Deus que me chamava tão misericordiosamente levou-me, durante seis anos, a empregar todos os meios de abalar o céu e obter assim, à força de austeridade e orações, o que os homens me recusavam tão obstinadamente”.

Humanamente falando, essa jovem teve motivos para desistir da busca de Deus, pois além dos obstáculos familiares, fez duas inúteis tentativas para entrar em uma Comunidade Religiosa. Mas, a firmeza e tão grande fidelidade ao apelo do Senhor jamais lhe faltaram. Sabendo do estabelecimento das Religiosas Damas da Instrução Cristã em sua cidade, deixa secretamente a família a 18 de julho de 1815. Com menos de um mês foi admitida ao noviciado recebendo o nome de Agathe Verhelle. A 10 de outubro de 1816 professou seus primeiros votos, sendo enviada no dia seguinte a Audenarde, casa fundada por Me. Peneranda.

Logo, Ir. Agathe sofre os abalos pelos quais o Instituto passa. A França não mais dominava a Bélgica (católica), esta agora aliava-se a Holanda (protestante). O Rei Holandês, Guilherme I querendo ter em suas mãos o ensino da juventude, exige de todos os Institutos Religiosos os estatutos que os regiam para serem submetidos à sua aprovação. Me. Peneranda não se curvou ante tal exigência, o que levou políticas a fechar os dois colégios, em Dorselle e Audernade a 31 de julho de 1822.

Dispersaram-se as religiosas. O que se passou no coração de Ir. Agathe que tão obstinadamente desejou consagrar-se a Deus? Dispersar-se com as demais irmãs? Voltar à família que a 7 anos deixará secretamente? Eis o estado em que se encontrava nossa Me. Agathe no momento de perda e separação: “Se me tivesse sobrado um pouco de império sobre mim mesma (…), o teria seguramente perdido, naquela dilacerante separação, quando minha superiora e um grande número de minhas irmãs, que todas me eram caras, partiram para a França e empregaram todos os meios imaginários para que eu fosse com elas. Naquele momento perdi o ânimo! Só Deus me sustentou no meio de tantas contrariedades e reveses. Confesso, portanto, que se naquele momento não tivesse achado nos meus Superiores Eclesiásticos, verdadeiros pais, eu teria infalivelmente sucumbido…” Esse coração louco de amor por Deus e seu Reino a faz permanecer em Gand, não poupando sua saúde, na prática da penitência e oração, pois a esperança nunca a abandonou.

Foi aí que Deus, no momento em que tudo parecia perdido, esperou aquela que Ele havia escolhido para chamar a uma nova vida o Instituto que acabara de ser extinto. Em menos de três meses (11/10/1822), Ir. Agathe conseguiu 11 irmãs e pedem perdão às autoridades políticas e religiosas pelas atitudes de Me. Peneranda. A partir de então, a jovem religiosa entregou-se à luta com a coragem que tão bem a caracterizava. Nasce através da fé, do amor, da humildade, da simplicidade um novo Instituto, em 25 de março de 1823 com a Celebração Eucarística em Doorselle. É o amor de Deus Só, à Igreja e à juventude que inflama o coração de Me. Agathe movendo o seu espírito a vencer grandes batalhas pelo Reino.

Me. Agathe enfrentou uma nova provação política em 1824, quando queriam averiguar a capacidade intelectual e cultural dos que compunham os Institutos Educacionais; sendo ela a primeira a ser examinada, surpreendeu de tal maneira a todos, que as demais irmãs são dispensadas do exame. O zelo ardente a fez empreender a fundação de seis casas entre os anos de 1827 a 1838. Através desta entrega total, não medindo esforços, sua vida foi se consumindo para iluminar, amando e realizando a vocação para a qual tinha sido chamada.

Após uma caminhada fecunda e de consumação pelo Reino, Me. Agathe foi chamada à Pátria Celeste, no dia 01/12/1838, aos 52 anos, deixando para nós este grande legado, que vai se perpetuando por meio de cada Sim a Jesus Cristo, no Instituto das Religiosas da Instrução Cristã, mantendo acesa a chama do Carisma: “Sacrificar-se e Consagrar-se Inteiramente à Juventude”.

Ao longo de sua vida, Madre Agathe enfrentou desafios e superou obstáculos, sempre confiando na providência divina. Sua visão visionária e seu espírito empreendedor permitiram que o Instituto das Religiosas da Instrução Cristã se expandisse para além das fronteiras, alcançando comunidades em diferentes partes do mundo e deixando um impacto positivo e duradouro nas vidas de muitos.

O legado de Madre Agathe Verhelle continua vivo hoje, inspirando as irmãs e todos os envolvidos com o Instituto a continuarem a missão de promover a educação, a justiça e a espiritualidade em um mundo em constante transformação. Sua visão pioneira e seu amor incondicional pelo próximo são um farol de esperança que nos guia em direção a um futuro melhor.