Carisma

"Consagrar-nos a Deus e sacrificar-nos inteiramente a serviço da juventude, em toda parte, onde possamos cooperar na propagação da Glória de Deus".

A palavra carisma é a transcrição da palavra grega que significa “dom gratuito”. Em sua raiz, está a palavra cháris-graça. Em teologia, diz respeito aos dons que Deus concede a cada pessoa em vista da prática do bem. A parábola dos talentos (Mt 25, 14-30; Lc 19, 11-27) ilustra a experiência de receber dons divinos e a exigência de fazê-lo frutificar.

Coloca-se, entretanto, a questão do uso dos carismas. Se alguém tem consciência de possuir um dom do Espírito, qualquer que seja, cuidará de colocá-lo a serviço da humanidade, em vista de criar um mundo melhor. Na direção contrária, se lhe falta tal consciência, servi-se-á dos dons recebidos para fazer o mal ao próximo ou para colocá-los a serviço do próprio egoísmo.

O carisma agatheano original, encarnado por Madre Agathe Verhelle, consistiu no dom do Espírito para a educação da juventude. Num contexto histórico e geográfico bem preciso, Madre Agathe foi movida pelo Espírito para se colocar a serviço das jovens. A fundação dos colégios, com as dificuldades inerentes a tal iniciativa, e a articulação das companheiras de missão são formas de concretizar o carisma fundacional. Só uma moção muito forte do Espírito teria impelido Madre Agathe e suas companheiras a se lançarem numa tarefa dificultada pelas circunstâncias políticas. Nada foi suficientemente forte para demovê-las do objetivo, exatamente, porque foram impulsionadas pelo Espírito.

Hoje, o nosso carisma é vivenciado em sua essência em escolas, uma faculdade, comunidades de inserção e centro social.

As RIC de todos os tempos são desafiadas a atualizar o carisma congregacional original. Quiçá, hoje, o caminho não seja o de fundar novos colégios. Porém, será sempre o de descobrir as melhores maneiras de exercer o carisma educativo, inspirado na figura de Jesus Educador, em vista de levar os jovens a descobrirem os caminhos da vivência da fé e da cidadania, em contexto de modernidade.

Ser RIC significa ser educadora, nos passos de Madre Agathe, com igual entusiasmo e compreensão de que é possível fazer algo pelos jovens, como serviço ao Reino. O carisma educacional agatheano servirá de critério para avaliar o chamado a pertencer ao IRIC. Ele será a porta de entrada para esse corpo apostólico, para o qual Madre Agathe se constitui em testemunho inspirador.

Muitas são as virtudes que se destacam na vida da fundadora. Entre elas a coragem e a liberdade, a percepção da necessidade do outro, o espírito de fé e de obediência, a acolhida afetuosa, a dedicação e o zelo, a ousadia missionária, a perseverança inabalável, atenção discernida aos sinais dos tempos, a abertura ao novo, somando à firmeza de caráter, à coerência de vida, à determinação em atingir seus objetivos e à transparência no agir. Tudo isso com extrema ternura e delicadeza, senso de humor e energia criativa. Colocava-se inteira ao serviço da juventude, por quem nutria uma paixão a quem e a humildade levaram-se a fugir das honras e a colocar toda sua esperança em Deus, nos passos de Jesus “Deus só e sua glória sempre” era seu lema.

São estes os mesmos carismas requeridos, hoje, de uma RIC, de quem se espera ter um coração de educadora humanizada e humanizadora, à semelhança de Madre Agathe. Seguindo-lhe o exemplo, está chamada a ser melhor consagrada, com profunda experiência de Deus, conhecedora da realidade hoje, atualizada e especializada em juventude, aberta aos apelos da Igreja, na fidelidade ao carisma congregacional, desafiada a evangelizar para além dos muros da escola-instituição, por exemplo, no âmbito paroquial, dando o melhor de si.